Viver em Rondônia 1 – EEMM

#55 quequel em 10/09/2010

Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

#56 quequel em 10/09/2010

Imagino que a maior parte de vocês já ouviu falar na Ferrovia Madeira-Mamoré, a ferrovia do diabo, entretanto, peço licença para um breve resumo, para aqueles que não conhecem a história.

A foto abaixo é na zona portuária de Porto Velho, bem pertinho da antiga estação ferroviária.

#57 quequel em 09/09/2010

Com o advento da Revolução Industrial no final do Séc. XIX, a borracha natural da Amazônia passou a ser muito valorizada, e iniciou-se o que se chama “Primeiro Ciclo da Borracha”, que teve seu apogeu entre os anos 1879 e 1912, e trouxe muita riqueza para algumas cidades amazônicas. Paralelamente, os países de colonização hispânica tornavam-se independentes e redefiniam suas fronteiras. Nesse movimento, a Bolívia perdeu sua saída para o mar. Como escoar a produção boliviana para os ávidos compradores europeus e norte-americanos, senão pela via fluvial amazônica? Mas… tinha uma cachoeira no caminho. No caminho tinha uma cachoeira… Na verdade, cerca de 20 cachoeiras num trecho de 300 Km dos rios Madeira e Mamoré, entre a atual cidade de Guajará-Mirim e Porto Velho. Surgiu então, na metade do Século XIX, a idéia de construir uma ferrovia ao longo do trecho encachoeirado dos rios. A partir de Porto Velho, a borracha e as demais mercadorias seguiriam de navios para Belém, primeiro pelo rio Madeira, e depois pelo Amazonas.

#58 quequel em 09/09/2010

#58.0 Fatima Ribeiro em 03/10/2010

Linda a foto! Quequel, você está se revelando um misto de jornalista com professora de História!

#58.0.0 quequel em 04/10/2010

Hummm, belo elogio vindo de uma jornalista fotógrafa. Obrigada lindinha.

#59 quequel em 10/09/2010

Pois bem, a primeira concessão do governo brasileiro para a construção da estrada de ferro data de 1870, quando várias empresas estrangeiras tentaram, sem sucesso, iniciar a obra. Somente a partir de 1907 um megaempresário americano, após criar nos EUA a Madeira-Mamoré Railway Company e conseguir um contrato de uso da ferrovia por 60 anos, obteve sucesso na construção da estrada, entregando seus 366 km no ano de 1912, quarenta e dois anos após a concessão de construção, e 5 anos após retomadas as obras. Grandes empresas faliram e milhares de trabalhadores morreram nesses 42 anos. E faleceram à custa de uma estrada cuja razão de existir morria com o seu nascimento. Observem que 1912 é o ano de inauguração da ferrovia, e também o ano do fim do apogeu da borracha Amazônica. Sim, amazônica, porque a borracha em si é muito utilizada até os dias atuais.  Falta de visão de futuro, ganância, gestão insustentável, falta de fiscalização, e outros comportamentos tão conhecidos da elite política e empresarial brasileira, permitiram que mudas da seringueira fossem contrabandeadas para a Malásia (biopirataria praticada pelos ingleses), que através de técnicas modernas de plantio e monocultura, invadiram o mercado mundial com preços muito baixos, inviabilizando a produção brasileira e boliviana. A estrada funcionou de 1912 a 1931, sempre dando prejuízos, e depois funcionou por mais alguns anos, até ser completamente substituída pelas rodovias que ligam Guajará Mirim a Porto Velho, na década de 70. Foi abandonada, e a floresta, implacável como sempre foi, tomou conta de quase toda a sua extensão. Alguns trechos foram recuperados para fins turísticos, e depois novamente abandonados. Ainda existem os funcionários da ferrovia, e os amigos da mesma, que lutam por sua recuperação. Até na Inglaterra ela tem amigos: a Madeira-Mamoré Railway Society.

#60 quequel em 09/09/2010

Ponte sobre a estrada de ferro, na altura de Santo Antônio, Porto Velho.

#61 quequel em 09/09/2010

Hoje, 98 anos após a inauguração da estrada, a cachoeira de Santo Antônio, distante apenas 7 Km de Porto Velho, ganha fama nacional, e passa a habitar apenas a memória daqueles que a conheceram. Para uns, ela morre pelo nobre motivo de contribuir com o desenvolvimento do Brasil, fornecendo energia para o Sudeste industrializado, e trazendo emprego e desenvolvimento para Rondônia; para outros, ela morre pela visão gananciosa e equivocada de gestores públicos, agarrados a um modelo desenvolvimentista ultrapassado. Para muitos porto-velhenses, a cachoeira de Santo Antônio será só saudade.

Abaixo, fotos da construção da Hidrelétrica de Santo Antônio, exatamente no local onde era a cachoeira. Pela velocidade da obra, é útil dizer que essas fotos são de 04/09/2010.

 

#62 quequel em 09/09/2010

#63 quequel em 09/09/2010

#64 quequel em 09/09/2010

#65 quequel em 09/09/2010

Essa placa dizia: ATENÇÃO! Devia seu um alerta sobre o risco das explosões próximas.

#66 quequel em 09/09/2010

Neste mesmo local está a Igreja de Santo Antônio, e há algumas grutinhas como esta entre a igrejinha e o rio.

#67 quequel em 09/09/2010

#68 quequel em 09/09/2010

#69 quequel em 10/09/2010

O meu tom acima foi nostálgico porque eu faço parte da turma dos conservacionistas, mas é preciso admitir que também coisas boas acontecem.

As usinas de Santo Antonio e Jirau – que também está sendo construída em Porto Velho – estão mudando a cara da cidade. A população tem crescido vertiginosamente, e com isso os preços das coisas aumentou, o trânsito ficou mais difícil, as opções de voos prá cá cresceram, a rede hoteleira vive lotada… enfim, a cidade é outra, dizem os que moram aqui. E vai mudar ainda mais. Os planos de minimização do impacto da implantação das usinas prevêem contratos com o governo local, com injeção de dinheiro para melhorias diversas. Melhorias urbanas, por exemplo, como colocação de semáforos nos cruzamentos (a zona central de Porto Velho tem 1 cruzamento a cada 100 m, e a maioria não tem semáforo), identificação de ruas com plaquinhas nas esquinas, e outras muitas melhorias. Não estou acompanhando, mas imagino que haja investimentos nas áreas de educação, saúde, segurança pública, cultura e lazer. Já ouvi dizer que a prefeitura anda se aproveitando prá culpar a usina por todos os males da cidade, e responsabilizá-la prá que ela faça tudo que os governos nunca fizeram antes. Nos planos cultural e urbanístico, já percebe-se alterações significativas, com a revitalização do patrimônio da Ferrovia Madeira-Mamoré, cujas fotos estão abaixo. Quando ficar pronto, Porto Velho terá um espaço público bonito e útil para o seu povo e os turistas passearem.

#70 colafina em 09/09/2010

História interessante, Quequel. Obrigado pela dica!

Para quem se interessar, aqui está o link da Associação dos Amigos da Madeira-Mamoré, ou Madeira-Mamoré Railway Society. Vale a pena navegar nas fotos.

#70.0 quequel em 09/09/2010

Colafina, um beijo!

#70.0.0 colafina em 09/09/2010

Outro procê!

:-))

#71 quequel em 09/09/2010

#72 quequel em 09/09/2010

#73 quequel em 09/09/2010

#74 quequel em 09/09/2010

Um barco encalhado que continuará fazendo parte do local, que ainda está em obras.

#75 quequel em 09/09/2010

#76 quequel em 10/09/2010

O rio Madeira, na altura da estação e o barco que faz passeio turístico pelo rio, temporariamente parado devido às obras no seu porto de atracamento. Na curva do rio, lá no fundo, quase no centro da foto, a futura hidrelétrica de Santo Antônio.

#77 quequel em 09/09/2010

Nessa foto, tirada num entardecer de maio, quase do mesmo lugar, dá prá ver melhor onde são as obras.

#78 quequel em 09/09/2010

Prá despedir, nada melhor que uma estrada bonita, e um convite. Naquele morro, ao fundo, está o Café Madeira, barzinho com uma bonita vista do rio (de lá que eu tirei a foto acima), cerveja geladinha e música gostosa, selecionadíssima. Quem vem?

#78.0 El Torero em 10/09/2010

Opa, estamos aí! hehe!

#78.1 Luiz em 10/09/2010 – 13:25 (+0)

Cervejinha gelada nessa região é artigo de primeira necessidade…

#78.2 Pax em 10/09/2010 – 18:19 (+0)

Não convide duas vezes que acabo acreditando.

Estes relatos com fotos e com a história estão à além de muito bons.

#79 roberto em 10/09/2010

tudo muito bonito! por que esse post não está no alto?

#79.0 quequel em 10/09/2010

Roberto,

eu sempre entro através de Comunidade. Aí os primeiros são os posts mais recentes, e os que ainda não li vem marcadinhos em amarelo. Mas, prá quem entra com o Internet Explorer, ou só olha o cardápio de links à esquerda, deve ficar mais difícil mesmo de achar.

Obrigada pelo comentário.

#80 Maria das Graças em 10/09/2010

Olá Pax, Roberto e Fátima Ribeiro, Obrigada pelo carinho. Não só eu, mas toda a família, nos orgulhamos muito de nossa Quequel. Aprovo tudo  de positivo que dizem dela. Concordo em gênero, número e grau. Um abraço a todos vocês.

#80.0 Pax em 10/09/2010

Prezada Maria das Graças,

Sua presença só aumenta o tamanho da filha. Seja muito bem-vinda.

Se quiser se cadastrar ajuda a não ter os comentários esperando minha moderação e fica bem mais fácil. Se precisar de ajuda me avise.

Abraços

#81 Maria das Graças em 10/09/2010

Oi filha,

No meu tempo o desfile de 7 de setembro tinha outro nome. Era “Parada de 7 de Setembro”, e, curioso, só agora me dou conta, que eu jamais “marchei” antes do ginasial, que por acaso começou no ano de 1964. “”Marchei” nos 4 anos do ginasial e me sentia muito orgulhosa, sempre esperando pelo final, para saborear o delicioso “pão com salame, guaraná Coroa” . Bons tempos…  Beijos.

#82 roberto em 10/09/2010

um abraço, dona das graças!

Um comentário em “Viver em Rondônia 1 – EEMM

Deixe um comentário